O Navio Oceanográfico Prof. Luiz Carlos

 

Em janeiro de 2020, a Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) consolidou o projeto de fortalecimento institucional no âmbito das Ciências do Mar através da entrega do navio de pesquisa oceanográfico multiusuário Prof. Luiz Carlos.Este nome foi escolhido em homenagem ao professor Luiz Carlos Ferreira da Silva que ocupou os cargos e funções de professor da Faculdade de Oceanografia da UERJ, Comandante de Mar e Guerra e Secretário Adjunto da Comissão Interministerial de Recursos do Mar (SECIRM), da Marinha do Brasil. Destaca-se o seu papel fundamental para o crescimento e reconhecimento nacional e internacional do curso de Oceanografia da UERJ.

Nos anos de 2015 a 2018, durante a construção deste meio flutuante (figura 1), houve efetivo acompanhamento por parte dos gestores do contrato, verificando in loco o processo de comissionamento dos equipamentos de geração de energia e propulsão (geradores, motores e reversores.

O navio da UERJ, ultrapassa 250 toneladas, tem comprimento total de 30,5 metros de comprimento por 7,8 metros de boca (largura) e 2,4 metros de calado, tem autonomia projetada de 15 dias no mar e conta com uma tripulação de 06 especialistas e marinheiros.

A embarcação construída no estaleiro INACE (Indústria Naval do Ceará), tradicional construtor de embarcações de metal de médio e grande porte, e construtor de navios oceanográficos, off-shore e também para a Marinha do Brasil. "Essa embarcação (Prof. Luiz Carlos), representará um imenso salto qualitativo para as instituições que atuam nas Ciências do Mar no nosso país", segundo o Diretor da Faculdade de Oceanografia, Prof. Marcos Bastos, e acrescenta "assim como um hospital universitário é fundamental para a formação de um profissional da área de saúde (médico, dentista, enfermeiro, fonoaudiólogo, nutricionista, etc), se dispor de uma embarcação oceanográfica é imperativo para uma universidade que forma oceanógrafos e atua de forma consolidada no campo das ciências marinhas". O professor destaca ainda o caráter multiuso da embarcação que permitirá que outros parceiros e profissionais desenvolvam ações com o apoio deste meio flutuante.

Este meio flutuante pode receber além da tripulação, 14 usuários para pernoite ou até 30 pessoas em percursos diários, operando com uma velocidade de até 11 nós. O navio tem sistema de propulsão baseado em dois motores de 500 cv cada, dois grupos geradores de 90 KVA para suporte dos laboratórios e equipamentos, refrigeração das instalações de trabalho, vivencia e pernoite, guinchos e estará equipado com sistemas de navegação por satélite, radiocomunicação e radar. A vocação marítima do Rio de Janeiro é amplamente reconhecida e consolidada nas mais diversas áreas do conhecimento. Como vetor de desenvolvimento o Rio de Janeiro é o terceiro estado da federação com maior extensão costeira (600km), sendo grande que parte se encontra em sua região metropolitana na qual se localiza um dos maiores portos do Brasil: Porto do Rio de Janeiro, um dos dez mais importantes do Brasil.

 

Além disso, a atividade produtiva decorrente da cadeia ligada à extração offshore de petróleo e gás (P&G) ocupa lugar de destaque na economia fluminense. Como exemplo, no ano de 2018, mais de 72% dos royalties decorrentes da exploração do P&G se concentraram no Estado do Rio de Janeiro. Dentro deste contexto, a embarcação oceanográfica multiuso da UERJ será um importante vetor para o desenvolvimento de pesquisas pois está equipada para a realização de treinamentos de capacitação e de serviços técnicos e científicos.

O termo multiuso deriva da necessidade do Estado do Rio de Janeiro de dispor de um "laboratório flutuante" que será disponibilizado para outros parceiros para atividades de pesquisa, extensão e ensino ao longo da costa fluminense.

 

A construção de uma embarcação própria é um esforço coletivo liderado pela Faculdade de Oceanografia através de seus Departamentos (Biológica, Física, Geológica e Química), envolveu outras unidades da UERJ e teve o apoio da reitoria da universidade. A embarcação plenamente dotada com toda a infra-estrutura de suporte as ações de campo tem um custo total estimado em R$ 7.000.000,00 (sete milhões de reais), recursos estes provenientes da UERJ, da Fundação de Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (FAPERJ), da Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP), ALERJ e de parcerias institucionais.

 

Previsto para trabalhar em toda a costa brasileira, o navio se constitui em uma embarcação de pesquisa oceanográfica projetada para ter espaço no convés (área aberta na parte traseira da embarcação) onde "containers" para análises específicas, como um tipo de laboratório modular, poderão ser instalados. Por fim a Faculdade de Oceanografia através de seu quadro de professores considera essa aquisição estratégica para o Estado do Rio de Janeiro, vai ao encontro dos interesses de uma formação mais sólida dos estudantes da Oceanografia e possibilitará a concretização de projetos de cursos da UERJ e de outras instituições parceiras.